Hoje em dia são raras as pessoas, sobretudo as mulheres, que não tem preocupações com o seu corpo e peso, sendo estas muitas vezes levadas ao extremo.
Uma das consequências mais graves e menos visíveis desta radicalização são os comportamentos inerentes aos distúrbios de cariz alimentar, dos quais temos naturalmente destacar a anorexia e bulimia, não só dada a complexidade do seu diagnóstico e tratamento, como também o facto de estas serem verdadeiros flagelos sociais.
Apesar de a anorexia partilhar algumas características com a bulimia, este transtorno alimentar, que normalmente afecta jovens adolescentes e mulheres, tem características diferentes da anorexia, nomeadamente o facto de ser caracterizado pela ingestão de alimentos desordenada e descontrolada, seguido da indução do vómito.
Já a anorexia que pode-se definir como transtorno alimentar caracterizado pela ausência ou reduzido apetite e enorme receio de ganhar peso e assim engordar, quem padece desta doença revela uma enorme aversão à comida.
As campanhas publicitarias relacionadas com o mundo da moda, tem ao longo da última década, salvo raras excepções, adoptado a imagem da mulher extremamente magra como ideal de beleza, isto leva, ainda que de forma indirecta e camuflada, a que inúmeras jovens, não apenas do sexo feminino, encarem a perda de peso e o emagrecimento como um patamar essencial para ter um corpo perfeito.
Os distúrbios alimentares e comportamentos associados a estes afectam sobretudo jovens adolescentes, naturalmente mais influenciáveis, uma vez que a sua personalidade ainda não se encontra totalmente formada.
Anorexia e bulimia, as doenças da vergonha
Outro aspecto relevante inerente aos distúrbios de cariz alimentar, também designados de transtornos alimentares, como são exemplo a anorexia e bulimia, é o facto de estes, ao contrário de outras doenças, serem de certo modo invisíveis, isto é, enquanto que uma pneumonia não se disfarça, uma vez que os seus sintomas são impossíveis de esconder, as consequências da bulimia e anorexia, ainda que muito lesivas para a saúde, tendem a manifestar-se apenas em fases mais tardias, sendo muita vezes associadas a doenças que nada tem haver com distúrbios alimentares.
Outro aspecto relevante e ainda relacionado como o parágrafo anterior é o facto de os distúrbios/transtornos alimentares, como são exemplo a bulimia e anorexia, serem considerados “doenças da vergonha”, isto é, são comportamentos com um elevado grau de censurabilidade pela sociedade, não que sejam mais ou menos graves que outras doenças, no entanto devido ao facto de as suas causas serem, na generalidade dos casos, de cariz psicológico quem delas padece é por vezes descriminada pelos seus pares e não ajudada, como naturalmente deveria ser, estes factos contribuem para que quem sofra de distúrbios alimentares os esconda.
Considerações finais sobre transtornos alimentares
Podemos concluir aferindo que a responsabilidade de a anorexia e bulimia e outros distúrbios e transtornos alimentares não serem tratados numa fase mais precoce é em parte de todos nós, da sociedade, uma vez que somos nós como sociedade, que contribuímos para que quem padeça destas doenças não peça ajuda aos primeiros sinais da doença.
Como é sabido, quando a responsabilidade é de todos, como podemos dizer que é o caso, a responsabilidade acaba por não ser de ninguém, sendo urgente e necessário uma mudança na mentalidade vigente para que flagelos como a anorexia e bulimia sejam mais facilmente resolvidos e diagnosticados.