A palavra anorexia há muito tempo que faz parte do vocabulário comum dos “mass media” e é, também, um tema recorrente em colóquios, seminários, simpósios, debates escolares e televisivos e reuniões familiares uma vez que é uma doença transversal, à semelhança da bulimia, que afecta todos os estratos sociais.
Numa sociedade em que quase tudo é efémero, descartável e provisório, há muito pouco espaço para a consciencialização de raparigas e jovens mulheres cheias de sonhos e ilusões tendo como referência a beleza mediática baseada em corpos esqueléticos e dietas alimentares rígidas e desadequadas, altamente prejudiciais para a saúde e que não representa um futuro sustentável para ninguém.
No entanto, com o proliferar de “reality shows”, eventos de moda locais e internacionais, casamentos de príncipes e princesas, fenómenos como o do YouTube e outros casos fulminantes de popularidade, o que acaba por passar pela cabeça das jovens mulheres é a que a beleza padrão de corpos magros, delgados e esqueléticos pode ser o seu passaporte para a fama, notoriedade fácil, poder e naturalmente dinheiro, o que em muitas casos acaba por se traduzir em transtornos e distúrbios alimentares, como é exemplo a anorexia.
A anorexia, um distúrbio alimentar
Neste contexto, não é de espantar que haja cada vez mais raparigas e mulheres anorécticas. A anorexia que se pode definir como distúrbio alimentar definido por ausência ou reduzido apetite e enorme receio de engordar, o doente apresenta enorme aversão à comida e rapidamente se deixa controlar por dietas radicais com o intuito de ficar cada vez mais magra.
Os factores que estão na base da anorexia podem ser diversos desde genéticos e hormonais, passando pelo endeusamento dos corpos magros e delgados nas sociedades ocidentais, por problemas alimentares na infância, elevado níveis de ansiedade ou uma obsessão doentia pelo perfeccionismo.
Curiosamente a anorexia que tem como grupos de risco, adolescentes e jovens mulheres, sendo também afectada por esta doença mulheres com elevados níveis académicos e com uma vida profissional activa.
Identificar casos de anorexia
Um rápido diagnóstico da anorexia (nervosa) é essencial para se evitar males maiores quer a nível da saúde, quer a nível psicológico. Quando uma mulher tem uma concepção de corpo/peso ideal desfasada da realidade desejável, em que o baixo peso e uma silhueta extremamente delgada é tudo para essa mulher, nos casos em que a mulher tem um peso aceitável ou ligeiramente abaixo do normal ( tendo em conta o índice de massa corporal) e ainda assim se acha gorda e quer emagrecer mais, quando a pessoa tem pavor de engordar mesmo quando está magra e quando apresenta sintomas físicos específicos como o caso de ciclos menstruais interrompidos – podemos estar perante uma caso de anorexia nervosa
Mas há ainda outros sintomas físicos que podem denunciar distúrbios alimentares como é o caso de: boca seca, estrutura óssea fácil, pele seca, perda de gordura corporal, reacções corporais e psicológicas anormais perante o frio…
A mulher anoréctica raramente reconhece que tem um problema por si própria e vive em estado de negação constante e acredita sempre que nunca está magra o suficiente mesmo que esteja a “pele e osso”. A mulher anoréctica tem um padrão de beleza e saúde retorcido e isso pode ter consequências nefastas: a má nutrição e o vómito continuado pode levar a complicações cardiovasculares, é regular a escassez de glóbulos vermelhos e brancos em gente anoréctica, problemas renais ligados à desidratação, osteoporose devido à fraqueza da estrutura óssea e problemas hormonais.
Os tratamentos para a anorexia
O tratamento deste transtorno alimentar passa por uma avaliação profunda da realidade individual, familiar e social de forma a ser desenhada o melhor plano individual para a mulher que sofre de anorexia.
Após esse diagnóstico, normalmente recorre-se a terapia personalizada e em grupo, com amigos e familiares isto para além de formação dos familiares com intuito de instruir estes das melhores formas de lidar com este distúrbio alimentar e é incontornável a mudança de atitude e comportamentos da mulher anoréctica e isso passa pela auto e hetero-regulação de comportamentos de forma consciente e responsável – para potenciar mudança de hábitos é normal a utilização de fármacos especialmente para combater as depressões inerentes ao estado de espírito da pessoa anoréctica.
Mas terá que ser um tratamento multidisciplinar onde é essencial a presença de um nutricionista e do médico de família ou outro médico com consciência do historial do paciente. Em fases mais avançadas, o internamento hospitalar pode ser inevitável e a verdade pura e dura é que a anorexia mata mas as mortes mediáticas de jovens modelos anorécticas serviu de alerta profundo para muita gente.